top of page

invisíveis

Foto: Arquivo do Grupo Amor

Serviço

Grupo Amor

Público Alvo - moradores de ruas do Centro de Fortaleza

Contato para doações e voluntários-

(85)99988.9964/Lívia Barrocas

  • Facebook Social Icon

Lara Veras, Lívia Barrocas e Brena Gomes

Foto: Lara Veras
 

Foto: Lara Veras
 

Grupo Amor

“Hoje nós não comemos nada”. A frase de uma mãe aflita que revelava: “Essa vai ser nossa primeira refeição. Cheguei até a ir em uma pousada pedir comida, mas o dono disse que o que tinha lá era pra vender e pediu que nós saíssemos. Eu perguntei se ele não tinha coração. Porque, por mim, tudo bem. Mas, e essas crianças? Elas não têm culpa."

 

O relato é de Xalene Nascimento. Nosso encontro com ela foi no final de uma tarde de domingo, em meio a um aglomerado de pessoas na lateral da Praça do Ferreira. Quem passava por perto do lugar se deparava com homens, mulheres e crianças. Alguns estavam descalços; outros, com roupas sujas e um olhar sem muita esperança. Eram moradores de rua, em uma fila que dobrava a Rua Floriano Peixoto. Os cálculos revelavam 160 pessoas. É ali o ponto de encontro de pessoas que há anos contam com o alento e solidariedade de um grupo que leva marmitas acompanhadas de um abraço e uma palavra amiga: o Grupo Amor.

 

Enquanto as marmitas eram organizadas em uma mesa, os voluntários do Grupo trocavam palavras com os moradores de rua. Entre eles, risos, brincadeiras e abraços eram vistos. “A gente espera todo fim do mês por isso”, fala uma das assistidas, enquanto é abraçada por Lívia Barrocas, a fundadora do Grupo. Ainda na fila, eles são marcados no braço, com um carimbo, em que consta a palavra amor. “É uma forma que encontramos para controlar a entrega das comidas e água a cada um deles”, explica Lívia.

Por Brena Gomes e Lara Veras

Foto: Arquivo do Grupo Amor

Foto: Lara Veras

Imagens: Lara Veras

Aos poucos, a fila foi ficando vazia e os bancos da praça foram sendo ocupados. Seguimos conversando com Xalene. Enquanto ela falava, percebíamos o contraste daquele local. As pessoas na fila do Cineteatro São Luiz, aproveitando o fim do domingo pra se divertirem, nem notam os moradores de rua, que não comem, não tomam banho, não são vistos. "Eu só tenho a agradecer a esse Grupo por fazer esse trabalho. Desde que cheguei aqui, essas quentinhas têm nos salvado. É uma ação muito bonita”.

 

Ela está na rua há dois meses, com suas três filhas e seu marido. A família teve que sair da casa onde moravam depois do envolvimento do marido com drogas. A saída foi fazer da rua um lar. Durante o dia, ficam em um abrigo cedido pela Prefeitura e, à noite, dormem em um quartinho improvisado na Praça do Ferreira, feito de papelão já que, por regra da instituição, os moradores de rua que têm filhos não podem ficar no local no período da noite. Foi nessa hora que perguntamos a Xalene qual era seu sonho. Sem hesitar, ela responde: “Quero voltar pra casa. Eu tenho mais dois filhos que não estão aqui comigo. E o aniversário de um deles é daqui há dois dias. Quero passar com eles, mas não sei como. Meu sonho hoje é esse”.

 

Naquela noite, o sentimento de empatia, solidariedade e, principalmente, amor tomou conta dos envolvidos no Grupo. Reunidos em um círculo para orar por aquelas pessoas, o sentimento de gratidão era ainda mais aflorado. Eles se abraçavam e vibravam por mais uma ação concluída. “Têm dias que a gente não consegue arrecadar muita coisa. Mas hoje, não. Conseguimos trazer muitas opções de comida. Não tem como descrever a sensação. Estou feliz, muito feliz”, fala Lívia, com um sorriso que ia de uma ponta a outra. A idealizadora conta, ainda, que algumas vezes falta a mistura e só conseguem arroz, macarrão e feijão, por exemplo. Outros meses, tem alguém que doa uma bandeja de carne ou até mesmo dinheiro para comprar as misturas. Como entregam, também, garrafas d’água de um litro e meio, são gastos R$200,00 apenas para isso. Ela explica que, se houvesse um patrocínio para as águas, esse dinheiro poderia ser investido em carne e frango, por exemplo.

Entre uma audiência e outra

A paixão em ajudar as pessoas e o envolvimento com causas sociais, desde a adolescência, fez a advogada Lívia Barrocas criar o Grupo Amor, uma equipe de voluntários que se reúne com um único intuito: alimentar o corpo e a alma do próximo. Eles atendem a moradores de rua da cidade de Fortaleza que, uma vez por mês, recebem marmitas e “um pouco mais de alegria” dos voluntários envolvidos. O foco das ações do Grupo é a produção das quentinhas e a entrega de, pelo menos, duzentas garrafas d’água de 1l e meio mas, dependendo de mais doações, também levam roupas, agasalhos, brinquedos para as crianças e remédios.

 

A rotina é puxada. Lívia tem que conciliar o ofício, que lhe demanda maior parte de seu tempo, com as atividades do Grupo. Ela trabalha em um escritório de advocacia, de segunda à sexta-feira, em horário comercial. Entre uma audiência e outra, a advogada ainda consegue tempo para realizar as atividades do Grupo. A comida servida aos moradores é feita por ela e a família, em casa mesmo. Ela acorda as 5h da manhã para preparar as marmitas, que são feitas com alimentos arrecadados das doações de voluntários e comunidade. É o único momento livre para preparar as refeições.

 

O Grupo Amor teve sua primeira ação em junho de 2014 e, hoje, conta com 130 voluntários, que marcam os encontros e arrecadações em um grupo no WhatsApp ou em outras redes sociais. Embora as ações concentrem-se em Fortaleza, outras atividades realizadas pelo Grupo são feitas em diferentes locais do Ceará, de acordo com a disponibilidade dos voluntários e do que for arrecadado. Questionada sobre como consegue tempo para ainda realizar essas ações, Lívia não hesita em dizer “olha, é por amor, somente por amor que eu consigo tempo para fazer tudo isso” externa, com um sorriso no rosto.

Quem Somos

Sou Brena Gomes, 21, estudante de jornalismo da Faculdade 7 de Setembro. Conto com experiência na Assessoria de Imprensa da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Ceará (OAB-CE) e, no Jornal O Povo, nas editorias: Vida & Arte, Cotidiano e  Rádio O Povo CBN, pela 17ª Turma dos Novos Talentos. Atualmente, sou estagiária da Comunicação Interna da Unimed Fortaleza. Gosto de ouvir e compartilhar, por meio da escrita, as vivências proporcionadas pela profissão. Motivada por oportunidades que me desafiam, acredito no jornalismo como ferramenta para fazer a diferença na vida das pessoas. 

Jornalista em formação. Se eu não tivesse tanto orgulho em batalhar pelo diploma, seria jornalista desde nascida. Comunicativa sempre foi minha característica mais forte. Falar, expressar, escrever, narrar... Sempre fui disso e, se conseguir passar a vida inteira atuando dessa maneira, é viver num sonho realizado.

Foto: Janaina Soares
 

Foto: Janaina Soares
 

Foto: Arquivo do Grupo Amor
 

Foto: Arquivo do Grupo Amor
 

bottom of page